Popcreto

In the early 1960s, Cordeiro experimented with splotches and organic shapes of multicolored geometricity – called “informal concrete art.”

Splinters and fragments of glass, mirrors and cloth began to perturb the tranquility of the strokes and lines. Later, in 1964, when the Brazilian political and social context threw syntactic experimentation into crisis, Cordeiro quickly responded with the proposal to resemanticize concretism.

Waldemar Cordeiro in the 60

Waldemar Cordeiro in the 60

ARTE CONCRETA SEMÂNTICA /SEMANTIC CONCRETE ART

SÃO PAULO, CATÁLOGO GALERIA ATRIUM, EXPOSIÇÃO INDIVIDUAL, DEZEMBRO DE 1964 / SÃO PAULO, ATRIUM GALLERY CATALOG, SOLO EXHIBITION, DECEMBER, 1964

WALDEMAR CORDEIRO

 

Português

Arte concreta = linguagem de natureza objetivo-condutal. arte concreta histórica = sintaxe (métodos racionais de representação).

novas tendências (européias) = pragmática (apresentação de possibilidades condutais de materiais e processos da técnica industrial). a arte concreta histórica e as novas tendências atuam ao nível da infraestrutura:

a) – infraestrutura econômica històricamente situada nas atuais condições da evolução da técnica industrial.

b) – infraestrutura do ícone visual.

ao nível da infraestrutura tudo é higiênico, impessoal e econômico, o fruidor não passa de uma retina virgem e desinteressada. na origem da arte infraestrutural havia uma atitude ética, conseqüência de uma utopia, que a história posteriormente desmentiu: a evolução tecnológica traria, como secreção natural, a felicidade e uma organização social moralmente aceitável. consumida a utopia, sobrou o hedonístico, o parque-de-diversões, o caleidoscópio.

as nt européias inauguram um novo naturalismo, a participação do espectador é abordada do ponto de vista biológico. por isso, as nt estão para a arte concreta como o verismo está para a arte da renascença. verismo condutal. é a ilusão ótica pela ilusão ótica, sem o ôlho-por-ôlho. històricamente se situam em contemporaneidade ao informal, que também enveredou pela apresentação direta de materiais e adotou a poética da ambiguidade e da não-univocidade. os limites da nt são os limites da gestalt. já husserl notara que a psicologia gestáltica permanece no naturalismo psicológico, enquanto descreve experiências interiores e fatos de consciência não-intencionante, não alcançando o que êle chama de «subjetividade transcendental».

prolongar a pesquisa aos níveis sintático e pragmático é optar pela atitude do avestruz.

para mim o problema é deslocar a arte objetivo-condutal da infraestrutura para a super-estrutura, passando da esfera da produção para a esfera do consumo. deslocar a pesquisa do estudo racional do comportamento diante de fenômenos óticos para o do comportamento diante de fatos visíveis carregados de intencionalidade e significação dentro de contextos histórico-sociais. passar da percepção (gestalt) para a apreensão (sartre). do ícone para a comunicação, do estímulo “puro” para o estímulo “associado”. e não basta pesquisar, a realidade exige opções combativas. esta atitude coincide com outras mas se distingue pela aspiração à objetividade, mantendo-se longe das elucubrações intimistas assim como dos naturalismos inconseqüentes. não se trata de virar as costas às pesquisas infraestruturais, mas desenvolvê-las, através de um salto qualificatativo, até a infraestrutura da semântica.

construir semânticamente (câmbio de sentido) mediante o espaço, a luz e o movimento.

durante séculos os artistas usaram o espaço como condição para as representações semânticas, as figuras inseridas nas perspectivas axionométricas da idade média ou no espaço euclidiano da renascença tornavam-se signos. o homem e as coisas adquirem significado no espaço e no tempo (situação significante). o macro-naturalismo pop é um defloramento do espaço.

nos meus trabalhos o objeto (ready-made) é construído e constrói um espaço, que não é mais o espaço físico. a desintegração do espaço do objeto físico é também desintegração semântica, destruição de convencionalidades, e, por outro parâmetro, construção semântica, construção de um nôvo significado.

English

Concrete art = language of an objective-behavioral nature. Historical concrete art = syntax (rational methods of representation).

New (European) trends = pragmatics (presentation of behavioral possibilities of materials and processes of the industrial technique). The historical concrete art and the new trends operate at the infrastructure level:

a) - economic infrastructure historically based on the current conditions of evolution of the industrial technique.

b) - infrastructure of the visual icon.

At the infrastructure level, everything is hygienic, impersonal and economical, the enjoyer is nothing but a virgin and disinterested retina. In the origin of the infrastructural art there was an ethical attitude resulting from a utopia, which history later denied: the technological developments would bring, as a natural secretion, happiness and a morally-acceptable social organization.

Once utopia was consumed, the hedonistic, the amusement park, the kaleidoscope.

The European nt inaugurate a new naturalism, the participation of the spectator is addressed from the biological point of view. So, the nt are to concrete art as verism is to the art of the Renaissance. Behavioral verism. It is the optical illusion for the optical illusion, without the an-eyefor-an-eye. Historically they are a contemporary of the informal, which also chose the direct presentation of materials and adopted the poetics of ambiguity and non-univocity.

The boundaries of the nt are the boundaries of the Gestalt. Husserl, in turn, had realized that Gestalt psychology remains with psychological naturalism, while describing inner experiences and facts of the non-intentional consciousness, and failing to reach what he calls the “transcendental subjectivity.”

Moving further with the investigation to more syntactic and pragmatic levels is like choosing to act like an ostrich.

To me the problem is moving the objective-behavioral art from the infrastructure to a super-structure, thus shifting from the production domain to the consumption domain. Moving the investigation from the rational study of behavior in view of optical phenomena to the behavioral one in view of visible facts loaded of intentionality and meaning within social and historical contexts. Shifting from perception (Gestalt) to apprehension (Sartre). From the icon to communication, from “pure” stimulus to “associated” stimulus. And investigating is not enough for reality requires combative options.

This attitude coincides with other ones, but its distinguishing point is the aspiration for objectivity, keeping away from the intimate lucubrations as well as from inconsequential naturalisms. This is not to turn one’s back on infrastructure researches, but rather to develop them through a qualificative jump towards semantic infrastructure.

Constructing semantically (change of meaning) based on space, light and movement.

For centuries artists have used the space as a condition for semantic representations, the figures introduced in the axonometric perspectives of the middle age or in the Euclidean space of the Renaissance became signs. Man and things acquire meaning in the space and time (situation of a signifier). The pop macro-naturalism is a deflowering of the space.

In my works the object (ready-made) is built and it builds a space that is no longer the physical space. The disintegration of the space of the physical object is also a semantic disintegration, destruction of conventionalities, and, on the other hand, a semantic construction, the construction of a new meaning.